Como reduzir as perdas na colheita da cana-de-açúcar

Reduzir as perdas na colheita da cana-de-açúcar tornou-se um grande desafio para os produtores. Isso porque, com o desenvolvimento econômico, a cana-de-açúcar tornou-se uma importante matéria-prima na fabricação de produtos tanto para consumo humano como para o comércio e a indústria.

Segundo a Sugar Research Australia, entidade que investe e administra projetos de pesquisa para a indústria canavieira na Austrália, as perdas na colheita de cana variam de 5% a 15%. Mas, podem chegar até a 20% nos casos mais extremos. Portanto, é fundamental reduzir esses índices.

Portanto, uma colheita menor significa menos dinheiro no bolso. Logicamente, isso é um prejuízo para o produtor que investiu muito desde o plantio e reduziu o faturamento justamente na última etapa da colheita.

Portanto, é necessário conhecer técnicas que possam trazer resultados promissores e soluções simples para reduzir essas perdas.

Interessado em saber mais e reduzir essas perdas na colheita da cana-de-açúcar? Acompanhe agora este artigo do MF Rural.

O que pode causar prejuízos na colheita da cana

A indústria canavieira tornou-se um dos principais empreendimentos econômicos em vários países – especialmente no Brasil. O país é hoje o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, responsável por 40% da safra (720 milhões de toneladas).

Porém, como esta cultura corresponde a uma mercadoria perecível, é fundamental estar atento a todos os fatores que podem impactar na sua colheita. Além disso, perdas tanto nesta etapa quanto na sacarose.

Atendendo à legislação e às exigências socioambientais, a colheita mecanizada da cana-de-açúcar tornou-se uma prática indispensável. Tanto que na última década essa prática passou de 25% para praticamente 95% de toda a colheita realizada no país.

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar, com 8,6 milhões de hectares plantados, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mas há um desafio: reduzir as perdas nas colheitas.

Assim, reduzir as perdas na colheita mecanizada da cana-de-açúcar tornou-se muito importante. Existem vários fatores intrínsecos e extrínsecos que podem causar e até agravar essas perdas.

A biodeterioração, associada a atrasos excessivos entre a colheita e a moagem, é muitas vezes uma das principais razões, sendo responsável por uma enorme depreciação da tonelagem.

Segundo a Universidade de Rio Verde, outro problema está relacionado às más condições do canavial e das máquinas de colheita que podem contribuir para esse alto índice dessas perdas. Além disso, produção de cana-de-açúcar repleta de impurezas, que eventualmente teriam sua sacarose alterada.

Outros fatores responsáveis ​​pelas perdas da cana-de-açúcar

Ainda assim, esses não são os únicos pontos a serem observados para reduzir perdas. Outros itens também estão presentes, como temperatura ambiente, umidade, variedade da cana, estado de maturação e até mesmo o período de armazenamento (no caso da pós-colheita) podem gerar inúmeros prejuízos aos lucros dos investidores.

E falando nesse período posterior, as atividades das invertases e a proliferação de ácidos, etanol e polissacarídeos produtores de micróbios também desempenham um papel crucial na redução das perdas da cana-de-açúcar.

Tudo isso, claro, influencia o processo como um todo e pode causar a perda de boa parte da colheita.

As principais técnicas estabelecidas no Brasil

Para pensar nas técnicas e soluções estabelecidas para reduzir as perdas na colheita da cana-de-açúcar, é necessário considerar todas as pesquisas realizadas até o momento, por diferentes especialistas na área.

Nesse contexto, um estudo realizado pela Universidade Estadual Paulista apontou que é fundamental focar nas condições do solo, bem como no manejo da cultura, para que essas perdas sejam reduzidas. Assim, independentemente de o processo ser manual ou mecanizado, a organização destaca:

  • Preparo do solo, incluindo dessecação, aplicação de corretivo e preparo do solo;
  • O plantio, correspondente ao sulcamento, adubação e cobertura;
  • Práticas culturais, como cultivo, aplicação de agrotóxicos e adubação de cobertura.

Falando em condições de solo, no vídeo abaixo confira os impactos da mecanização da colheita da cana-de-açúcar. Além disso, uma das formas de reduzir essas perdas: a sistematização:

Fonte: coloradomáquinas.

Velocidade da colheitadeira influencia perdas de cana

Por sua vez, a Universidade Estadual de Montes Claros defende que a colheita mecanizada precisa ser reavaliada, exigindo o correto manejo das colhedoras no sentido de que esse material não se perca.

Assim, foi realizada toda uma avaliação em torno do velocidade das máquinas na época da colheita. E o resultado mostrou que quanto mais rápido trabalham, mais visível é o aumento das perdas. Portanto, seria necessário encontrar um ritmo ideal para reduzir as perdas.

Outra pesquisa, também envolvendo a velocidade das colheitadeiras, foi realizada por pesquisadores do Grupo de Estudos da Colheita Mecanizada (Gecom), vinculado à Fatec “Shunji Nishimura” de Pompéia/SP.


A velocidade das colhedoras é um dos principais pontos que visam a redução da colheita da cana-de-açúcar.

Eles avaliaram a influência de duas rotações da exaustão primária nas perdas visíveis ocorridas durante a colheita mecanizada de cana-de-açúcar. O estudo indicou que a perda de cavacos é influenciada diretamente por este componente da máquina.

Portanto, pode-se considerar que a rotação de 800rpm foi a mais adequada para oferecer uma quantidade de 0,37% perdas menores quando comparadas à rotação de 1.100 rpm o que resultou em perda de 0,56%.

Outras pesquisas científicas

Com outro viés, a Universidade de São Paulo (USP) apontou que, para reduzir a perda de tonelagem, seria necessário focar em spray de águaem aplicações de soluções bactericidas e uso de antiinversão.

Além disso, segundo os mesmos investigadores, antes da colheita seria interessante foliar o solo, aplicando compostos de zinco e magnésio.

Após a colheita, o uso da dextranase poderia contribuir para melhorar a recuperação da sacarose e minimizar outros problemas de qualidade.

Uma esperança internacional para um problema brasileiro

Pensando em solucionar a questão da redução de perdas na colheita da cana-de-açúcar, o Saudi Journal of Biological Sciences investigou a eficácia da formulação química nessas perdas. Foi analisado se esta intervenção poderia trazer algum positivismo em torno do problema.


As perdas na colheita da cana-de-açúcar são um tema que envolve constantemente muitas pesquisas.

Os resultados da pesquisa realizada mostraram que a aplicação de cloreto de benzalcônio, misturado ao metassilicato de sódio, teve bom efeito tanto nas canas secas quanto nas cultivadas em condições normais, como as brasileiras.

No caso da cana seca foi possível reduzir perdas para 8,25% da colheita e, em condições normais, perdas de 11%. Dessa forma, essa prática funciona ainda melhor nos locais mais secos, mas também não deve ser descartada na cana-de-açúcar plantada em solo brasileiro.

Vale lembrar que, conforme sugere o Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), os genes presentes na cana-de-açúcar estão perfeitamente adaptados às condições de seca, tornando-a resistente a essa condição.

Portanto, para as culturas que eventualmente existirem nas regiões do país que lidam com esta situação climática, a estratégia indiana pode funcionar perfeitamente e ainda trazer um novo olhar para esta questão.

Conclusão

Portanto, como mostramos neste artigo, reduzir as perdas na colheita tornou-se um desafio para os produtores de cana-de-açúcar. É necessário adotar algumas medidas e técnicas que possam garantir um melhor resultado neste processo.

Confira também nosso post sobre como o bagaço da cana pode substituir o petróleo na fabricação de plásticos. Boa leitura!

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